Na semana passada fiz um processo seletivo para operador de
caixa e um dos requisitos para a vaga era que os candidatos estivessem cursando
o nível superior. Logo após o anúncio que fiz nos meios virtuais, recebo um e-mail
de um rapaz me “esculhambando”, com o perdão da palavra, por causa da tal
exigência. Ele falou de uma forma tão veemente que solicitar ensino superior em
curso era um absurdo, que fiquei assustada e pensando que não havia mais nenhum
operador de caixa na cidade que tivesse o desejo e a iniciativa de se matricular
em um curso superior e que, afinal, eu estivesse muito equivocada. Pensei: bom,
esperemos os currículos!
Eis que logo os currículos começam a chegar e a grande maioria
com a informação de escolaridade: ensino médio completo, ensino médio, ensino
médio completo. Achei que os jovens e não tão jovens assim já estivessem
desistindo de estudar (ainda mais em Manaus, que é tão fácil entrar numa
universidade - paga).
Fiquei com medo, confesso. Um processo seletivo tão simples
para operador de caixa e a grande maioria dos meus candidatos nunca tinha
sentido o cheiro de universidade, confesso que a falta de iniciativa em
continuar os estudos após o ensino básico ressoava em mim num misto de pena e
indignação.
Depois desse primeiro impacto decidi fazer uma avaliação escrita
antes da entrevista. Resultado: das dez pessoas que fizeram a prova, apenas 3
diziam em seus currículos que estavam na universidade e nos demais constava a
informação de que possuíam apenas ensino médio. Mas na entrevista pessoal fiquei sabendo que dos demais 7 candidatos,
6 já haviam entrado na universidade, embora o curso estivesse trancado, e um candidato está
fazendo curso técnico.
Resumindo, me senti aliviada por ter dito que gostaria de um
operador de caixa que estivesse cursando ensino superior. Isso demonstra que os
candidatos estão sim, cada vez mais, buscando uma qualificação maior, mesmo que
ainda estejam no início da sua vida profissional. E estão de parabéns!
E se posso contribuir com esses milhares de candidatos, dou
uma dica: atualizem seus currículos, informem que vocês iniciaram o nível
superior, mesmo que na entrevista tenham que dizer o motivo do curso estar
trancado. Quando um selecionador está fazendo um processo seletivo, a
iniciativa do candidato em se qualificar e buscar melhorias pode contar muitos
pontos e fazer toda a diferença na hora de escolher o candidato que ocupará a
vaga. Não tenham vergonha de dizer que tiveram que trancar o curso na
universidade porque ficaram desempregados. Isso pode acontecer a qualquer um
que batalha sem apoio de outras pessoas pelas suas melhorias intelectuais,
acadêmicas, financeiras, etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário