Educação é antes de tudo arte!
Arte de sentir, arte de ser, arte de conhecer... É ser curioso, é não aceitar a simples resposta: porque é assim!
Educação é mais do que ser cortês, é desejar alterar as fronteiras do conhecido para adentrar o desconhecido, é humanizar-se, é evoluir em atitudes e comportamentos.
Educar-se é estar constantemente trilhando o caminho do desenvolvimento, e esse caminho não é solitário, é conjunto!

Vamos juntos trilhá-lo!


sexta-feira, 2 de julho de 2010

Questão de Pertencimento

Uma conversa com um amigo trouxe-me uma reflexão sobre a questão de pertencimento. Meu amigo mora sozinho e tem uma filha, guarda compartilhada, família moderna. Assim como eu na minha infância, a filha dele passa alguns dias com o pai e outros com a mãe. Como geralmente é o homem quem sai de casa, não foi diferente, ele saiu. E está numa casa nova cujo único cômodo que demonstra que há uma menina em casa é o próprio quarto dela. No mais, é a casa de um homem que mora sozinho, faltam móveis, roupas jogadas pelo chão, sapatos por toda casa, etc, etc, etc! Entre tudo, sugeri que redecorasse um dos banheiros com motivos femininos infantis, que ela pudesse ter um cantinho dela na casa, fora seu quarto, sentir que aquela casa também é dela, com a marquinha dela. Ele não entendeu meu comentário. Explico.
O ser humano é por essência em ser relacional, desde que nasce precisa de cuidado, carinho, atenção. À medida que vai se desenvolvendo, a necessidade de se sentir integrado e fazendo parte de algo maior é crescente. Na escola, colecionamos figurinha (na minha época de escola, claro!), hoje as crianças se agrupam conforme o jogo novo do play station para trocar dicas dos truques e comandos para eliminação de adversário, desbloqueio de personagens, entre outras mil coisas das quais nem faço ideia. Mas vejam, chamo atenção, estas crianças se agrupam em torno de algo que é comum, não apenas por questões subjetivas, afetivas e de relacionamento. Ainda que esta seja a necessidade, é preciso ter algo concreto, não abstrato, para que se fundamente a convivência. São gostos comuns, vivências comuns, cotidiano reconhecido e compartilhado.
Quando eu era criança e ia visitar meu pai, era essa a sensação que eu tinha na casa dele, eu era uma visita, pois aquela casa não era minha, eu não tinha participado da escolha dos móveis, não reconhecia minha marquinha pessoal no ambiente, era tudo muito impessoal para mim, era a casa do meu pai (ponto). Muito diferente da casa da minha mãe, onde no banheiro tinha uma saboneteira de patinho, na cozinha um copo em formato de boneca, a toalha era colorida e cheia de desenho de balões. Às vezes (geralmente) estas coisas nem combinavam entre si, mas como criança, tudo aquilo fazia parte do meu universo, era uma casa para se chamar de minha, ou seja, eu sentia que pertencia àquele lugar e aquele lugar pertencia a mim. Tranquilidade, segurança, bem estar. Podia viajar o mundo, mas o lugar para o qual eu gostaria de voltar era aquele.
Pensando pela ótica organizacional, venho me perguntando: será que nós, gestores, orientadores, educadores, líderes, temos contribuído para que nossos colegas, subordinados, empregados, funcionários, colaboradores ou talentos, consigam sentir que pertencem a nossa equipe e que a empresa pertence a eles de alguma forma? Para não complicar, vamos aos exemplos: você, gestor, quando mudou de sala com sua equipe, pediu opinião sobre a possibilidade de disposição dos móveis, e se pediu, considerou as sugestões? Já pensou que se houver uma foto alegre de família na mesa dos membros da sua equipe, isso pode transmitir tranquilidade ao longo do dia, mesmo a família estando longe?
Em síntese, o que quero dizer é que no ambiente da Gestão de Pessoas, assim como nas nossas relações pessoais, tendemos a ficar mais confiantes, comprometidos e seguros quando sentimos que o espaço que ocupamos realmente é nosso, ou seja, quando eu identifico que pertenço àquele lugar tanto quando ele pertence a mim. Para isso, é preciso que identifiquemos aspectos que nos liguem aos espaços em que estamos. Como nossos sentidos sensoriais ainda estão principalmente ligados às sensações físicas, o ambiente físico que nos rodeia é o primeiro que pode, mais facilmente, ser alterado e reorientado para que estimulem novas sensações, que incentivem mudanças e novos sentimentos de bem estar, confiança, comprometimento, e principalmente a sensação de querer estar presente ali, de fazer parte do todo.
E quando nos sentimos pertencendo a algum lugar, passamos a cuidar mais, nos comprometer mais, nos vinculamos àquele espaço de uma forma muito maior do que a simples necessidade de coexistência com outros seres. Tomamos para nós a responsabilidade de fazer dar certo, de cuidar, de melhorar, de progredir, de crescer em todos os aspectos.
Por isso, meu amigo, compartilhe verdadeiramente seu espaço com sua filha. Colegas gestores, compartilhem seu espaço com seus subordinados. Não tenham medo de perder espaço, pois quem pertence agrega, soma, multiplica!

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